[EcoDebate]
Os ambientalistas estão alertando há anos sobre os perigos do colapso
ambiental provocado pelo crescimento populacional e econômico. O atual
padrão de produção e consumo da humanidade já é insustentável. A
continuidade do crescimento só torna as coisas piores.
Mas o alerta mais recente não foi dado por ativistas radicais, mas
pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE.
O relatório “Previsões ambientais para 2050: as consequências da
inação”, divulgado em meados de março de 2012, mostra que o mundo
caminha para um colapso ambiental, caso não haja mudança de rota. Os
custos da inação podem ser incalculáveis para as economias, o ser humano
e a biodiversidade. Os dados são alarmantes sobre as tendências das
mudanças climáticas, da degradação ambiental, da demanda por água e
sobre os impactos da poluição na saúde humana.
Segundo o estudo a demanda mundial por energia deve crescer 80%, até
2050, sendo que 85% dessa energia deve continuar sendo ofertada por
combustíveis fósseis. Desta forma, as emissões de CO2 vão aumentar 50%,
incrementando o efeito estufa e podendo elevar o aquecimento global a
uma temperatura entre 3°C e 6°C, números bem acima dos 2º C estimados
como toleráveis pelo Painel de Mudanças Climáticas da ONU.
A poluição do ar agravará os problemas de saúde pública, se somando à
falta de acesso ao saneamento básico. O número de mortes prematuras
relacionadas a males causados pela poluição do ar deverá mais do que
dobrar, especialmente em países como China e Índia (que são os que
apresentam maior crescimento econômico). Atualmente, as doenças
respiratórias associadas à poluição matam milhões de indivíduos por ano.
O crescimento da demanda por água potável irá se agravar e aumentar o stress já existente. A OCDE estima que a demanda deverá crescer 55%, especialmente para uso na indústria (+ 400%), usinas termelétricas (+140%) e uso domiciliar (+130%). O aumento na demanda deve elevar a escassez hídrica e aumentar os riscos de conflitos e guerra pela água.
As florestas, que são fundamentais para os ciclos hídricos, devem
perder espaço até 2050, devendo haver um encolhimento de 13% da
cobertura vegetal, com enorme perda da biodiversidade e a extinção de
espécies vegetais e animais.
A OCDE considera que a solução para minimizar o colapso ambiental
passa pela implementação da economia verde, para tornar mais
sustentáveis a agricultura, a indústria e a matriz energética mundial.
Porém, uma economia verde nos padrões predatórios do consumismo global
não vai resolver o problema.
Para evitar o colapso será preciso soluções bem mais radicais.
Todavia, pelo andar da carruagem, o caminho que a Rio + 20 está
trilhando segue a mesma via que leva ao precipicio e nada indica que
haverá uma mudança de rota para evitar o colapso ambiental.
José Eustáquio Diniz Alves,
Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor
titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da
Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus
pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
EcoDebate, 13/04/2012
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